Marcha contra o machismo, o feminicídio e as reformas de Temer marca o 8 de março em Vitória
Psicóloga presente no ato reforça a importância do comprometimento ético-político da profissão
A luta feminista contra o machismo, o feminicídio e as propostas reformistas do governo federal marcou o Dia Internacional da Mulher, em Vitória, na quarta-feira, 8 de março. Foi a Marcha: “Resistir e Lutar contra as Reformas Trabalhista e da Previdência do Governo Temer!”, que reuniu trabalhadoras/es, estudantes, entidades sindicais e movimentos sociais.
O protesto teve início na Praça Oito, Centro da capital e seguiu até o INSS, na Avenida Beira-Mar. No trajeto, as mulheres fizeram ecoar o #ForaTemer, criticaram o machismo, o racismo e o patriarcalismo, enraizados na sociedade brasileira. Elas cobraram o fim da violência contra a mulher e também fizeram críticas ao governador do Espírito Santo, por conta dos altos índices de capixabas assassinadas e da falta de políticas públicas eficientes para as mulheres, para a população LGBT, para as/os negras/os.
A psicóloga da Prefeitura de Vitória, Patrícia Peterle participou do ato. Ela destacou a importância, enquanto profissional da Psicologia, de estar presente na marcha.
“Me sinto mais fortalecida como mulher e psicóloga em participar mais uma vez da Marcha das Mulheres. É necessário assumirmos uma postura ético-política não só em nosso cotidiano de trabalho, mas também na coparticipação da construção de políticas públicas para as mulheres”, disse.
Paola chamou atenção para o adoecimento que o machismo causa nas mulheres, criticou a medicalização tida como solução para os casos de violência fazendo relação com o sistema capitalista, inclusive.
“No que tange à saúde mental, a cultura hegemônica machista e patriarcal, comparece como fator produtor do adoecimento das mulheres, interferindo no seu modo de existir, violando seus direitos e promovendo adoecimento e sofrimento. Com isso, muitas vezes a solução apontada nos serviços de saúde, é a medicalização desse ‘sofrer’ que poderia ser revertido em força e luta coletiva. Muitas mulheres são sedadas, medicalizadas como se essa produção social do sofrimento se resumisse a algo pessoal, especifico de uma mulher apenas. Ou seja, há uma tendência a se tratar o sofrimento produzido pelo machismo, pelo sistema capitalista como uma questão individual, psicopatológica. A quem serve esse tipo de tratamento? Desconsiderar a produção desse sofrimento coletivo, que é produção do capitalismo, atravessado pelo machismo, racismo, preconceito e pela cultura patriarcal, é culpabilizar as mulheres pela sua condição de sofrimento”, analisou.
Ela, ainda, apontou como as/os profissionais da Psicologia podem contribuir com essa questão.
“É necessário que nós psicólogas/os nos posicionemos diante dessa reprodução da cultura machista-capitalista, colocando a potência dessas mulheres em evidência e afirmando com elas a construção de um espaço de luta e avanço dos direitos”, frisou.
Em relação à Reforma da Previdência, Paola também defende o posicionamento contrário a fim de se evitar a retirada de direitos conquistados.
“Precisamos nos posicionar contra as perdas de direitos, por meio dessas reformas deste governo ilegítimo, que vão prejudicar principalmente às mulheres e ainda mais, os segmentos em situação de maior vulnerabilidade social como a população LGBT e a população negra. Mas todas nós, trabalhadoras, sofreremos diante da aprovação dessas mudanças na Previdência e em outras áreas”, assinalou a psicóloga.
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