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8 de março: mercado de trabalho assimila as mulheres, mas ainda exige anulação do feminino

Postado no dia 8 de março de 2017, às 15:40

Mulheres precisam provar o tempo todo que o corpo feminino não é um problema para o desenvolvimento de sua vida profissional e nem para a instituição

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O Espírito Santo conta com 4.351 psicólogas/os ativas/os. Destas/es, 3.759 são mulheres. No Brasil há 247.108 psicólogas, número que representa 86% do total de profissionais da categoria. Apesar disso, a empregabilidade dos homens ainda é maior. No mercado de trabalho geral as mulheres ganham, em média, 21% menos que homens para fazer o mesmo trabalho. Além disso, elas gastam cerca de 4 horas e 30 minutos por dia em trabalhos não remunerados.

Esses números são reflexo de uma entrada no mercado de trabalho de maneira assimilatória. É o que explica a conselheira do CRP-16, Carolina Barbosa Roseiro, mestranda em Psicologia Institucional pela Ufes. “A entrada das mulheres na vida pública, o ingresso na universidade e a atuação em profissões qualificadas, o exercício de atividades que não fossem domésticas ou de servir a homens, e a desvalorização dessas atividades tidas como femininas; tudo isso foi feito de forma assimilatória. Como se estivéssemos sempre em deficit a ser superado. O sucesso profissional ainda nos coloca expectativas de aproximação às características masculinas convencionadas”.

Apesar do cenário ruim, as lutas estão se fortalecendo e se qualificando. Há 20 anos pouco se falava de Feminismo na Universidade, na produção acadêmica e na vida profissional dentro da Psicologia. Hoje o Feminismo ganhou outras pautas e agora ele está presente na militância das mulheres nas mais diversas áreas “Estamos caminhando e avançando não porque nos cederam posições ou benefícios sociais, mas porque a luta está se fortalecendo e conquistando outros espaços”.

Para Carolina, que é pesquisadora do Feminismo, mesmo após os avanços dos últimos anos, o acesso da mulher ao mundo do trabalho e à formação acadêmica ainda se dá por meio da anulação do feminino. É preciso provar o tempo todo que o corpo feminino não é um problema para a profissional e nem para a instituição.

“Há dificuldades desde a formação até a entrada no mercado de trabalho para mulheres que são mães, por exemplo. Homens que têm filhos não enfrentam a mesma coisa. A maternidade acaba pesando no corpo da mulher, já que se entende que, sendo mãe, não poderia agir como homem, como se isso indicasse prejuízo à sua capacidade. Mesmo as mulheres que não são e nem desejam ser mães carregam esse peso da diferença feminina, já que o parâmetro do trabalho ‘neutro’ é o masculino. Existem diferenças e elas não podem ser anuladas segundo esse parâmetro. As nossas posições no mundo do trabalho têm que caber no corpo e na experiência de vida femininos, sendo tão valorizadas quanto as posições masculinas”, disse.

À mulher é exigido que se prove o tempo todo que ela pode ser profissional. “Os homens não são questionados sobre isso. É como se eles tivessem uma capacidade natural. O mundo do trabalho tem uma tradição masculinista e a mulher precisa provar que cabe ali. Um homem não precisa provar que pode ser pai e ser profissional, assim como não precisa explicar sua capacidade de tomar decisões, de lidar com crises, de mediar conflitos, características associadas a uma proatividade que ainda se acredita como característica do masculino”, argumenta Carolina.

É importante lembrar que uma das primeiras pautas do Feminismo, no início do século passado, era o acesso das mulheres ao trabalho e às condições para que seus filhos fossem cuidados no período em que estivessem fora. Isso ainda não foi alcançado em classe social nenhuma. A diferença é que há mulheres que podem pagar para outras mulheres fazerem esse trabalho. Quem não pode pagar continua na mesma situação do início do século XX. Muitas pautas continuam as mesmas até hoje, como essa, e isso ainda é evidente no atendimento às mulheres na Assistência Social e na Educação, pois a preocupação com o oferecimento das condições para que as mulheres trabalhem, dando acolhimento para seus filhos, não é uma prioridade do sistema vigente.

Psicologia

Na Psicologia os campos de trabalho onde mais se reconhece a competência da mulher, de acordo com Carolina Roseiro, são justamente os que envolvem atendimento a crianças e famílias, revelando ainda uma ligação com as funções da maternidade e sendo atividades de baixa média salarial. “Em campos ligados a funções mais ativas e propositivas, gestão, chefia, e outros, como os que exigem a necessidade de se lidar com conflitos, se observa uma predominância masculina. E essas áreas são as que oferecem melhor remuneração”.

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