CRP-16 participa da marcha em apoio aos índios Guarani-Kaiowá
Cacique destaca importância do apoio da sociedade civil organizada. Capixabas vão às ruas da capital na luta contra contra o genocídio indígena
Para o conselheiro do CRP-16, Felipe Kosloski, a participação da Psicologia capixaba no ato é um dever profissional.
“É obrigação do psicólogo e da psicóloga dar visibilidade para a questão indígena e fazer jus ao código de ética profissional que desaprova qualquer ato de violação aos direitos humanos”, explicou psicólogo.
Apesar de o ato ter sido motivado pela decisão da Justiça Federal que determinou a reintegração de posse da Fazenda Cambará e a retirada da comunidade Pyelito Kue, formada por 170 índios da etnia Guarani-Kaiowá, em Iguatemi, região sul do Mato Grosso do Sul, a marcha foi um ato em defesa de todos os povos indígenas brasileiros.
Além disso, poucas horas antes da marcha começar, a própria Justiça Federal suspendeu a decisão, e com isso, a comunidade Pyelito Kue pode permanecer no local até que seja finalizada a demarcação das terras indígenas na região.
Trajeto
Durante todo o trajeto, os manifestantes, muitos deles com rostos pintados, exibiam faixas e cartazes de protesto contra as mortes dos povos indígenas, bem como o lema principal da marcha: “Somos todos Guarani-Kaiowá”.
Cacique guarani da Aldeia Boa Esperança, de Aracruz, norte do Estado, Werá Kwaray, fez críticas ao genocídio dos índios e destacou o apoio da sociedade civil organizada, em favor da luta indígena.
“Parte da sociedade não entende porque lutamos pelos nossos direitos, pois a manipulação da grande imprensa faz que os índios sejam vistos como baderneiros, incapazes, sem sabedoria. Mas hoje, a gente entende, que foi através dessas lideranças (conselhos de profissão e entidades que apoiam à causa dos índios) que entraram na luta e das conquistas nos artigos 231 e 232 da Constituição Federal, que são apoios que temos que abraçar, pois somos seres humanos iguais a todos”, argumentou o cacique.
Ele ainda apontou o que considera ser o motivo de tantas mortes dos índios. “São os próprios poderes que criam essa violência”, alegou.
Já a índia Tupinikim Josi, da Aldeia Pau Brasil, também de Aracruz, questionou o Estado democrático brasileiro.
“Que democracia é essa com vários de nossos parentes morrendo, e o Estado do Mato Grosso do Sul não está nem aí”, criticou.
Um dos líderes do movimento, o estudante da Ufes, Walmir Júnior explicou o motivo do ato.
“Estamos aqui marchando para exigirmos que parem com o genocídio dos povos indígenas de nosso País. Não ao progresso da morte!”, disse.
“Relâmpago como a Cor do Sol”. O cacique Guarani Werá Kwaray revelou o significado de seu nome: “Relâmpago como a Cor do Sol”.
Além da profissão
Para a presidente do CRP-16, Andréa Nascimento, a luta em favor das comunidades indígenas vai muito além da profissão.
“A participação num ato em defesa dos índios, ultrapassa a Psicologia é uma questão de humanidade”, frisou.
*Fotos do link: Sérgio Cardoso