Categoria precisa se apropriar do letramento de gênero
Veja como foi o Seminário Letramento de Gênero e Saúde Mental promovido pelo Conselho no dia 31 de janeiro
A categoria precisa se apropriar do letramento de gênero das mais diversas formas. É o que se pode afirmar após o evento potente promovido pelo CRP-16, na Ufes, em Goiabeiras, Vitória, no dia 31 de janeiro de 2023: o Seminário Letramento de Gênero e Saúde Mental.
Quem chegava no auditório do evento se deparava com vários cartazes com textos que, diuturnamente, são vivenciados por mulheres. Na entrada do auditório, um cartaz trazia a pergunta: “O que você já viveu por ser mulher?”
Adentrando o local, mais cartazes: “Eu não sabia que era assédio”; “Medo de sair na rua em determinado horário”. Este segundo, foi complementado com um: “com certeza”, comprovando que a situação é corriqueira para todas elas.
Psicólogas. A potência do Seminário Letramento de Gênero e Saúde Mental foi revelada em cada uma das palestras das cinco psicólogas que integraram a programação do evento, organizado pela Comissão de Gênero e Diversidade Sexual (CGENDS) do CRP-16.
Muitos comentários, nos posts nas redes do CRP-16, confirmaram o quão potente e qualificado foi o seminário.
Gênero, raça e dispositivos
A primeira conferencista, psicóloga Valeska Zanello mostrou as psicólogas precisam se apropriar da discussão sobre letramento de gênero.
Na sua conferência, Saúde Mental e Gênero, a escritora explicou que o debate precisa contemplar a questão racial, perpassando pelas peculiaridades da população LGBTQIA+, além da forte cultura machista e enraizada na sociedade das mais diversas formas ao longo dos anos.
Para ajudar nessa compreensão, Zanello explicou os dispositivos: de gênero, amoroso e materno. De forma didática, a filósofa explicava cada um dos dispositivos, trazendo exemplos variados, que são abordados em seus livros, para cravar:
“Num país sexista e racista como o Brasil, eu acho impossível você ser um bom psicólogo se você não tiver letramento de gênero e letramento racial. Por que? Porque, racismo e sexismo adoecem. Tem a ver com o lugar social que você é colocado”, salientou.
Segundo ela a escuta de gênero está presente em todo o fazer Psi. Ela reforçou a importância do letramento.
“Nas pesquisas que a gente faz no grupo, a gente viu o quanto o letramento de gênero e racial são fatores de proteção. O letramento leva a uma politização do sofrimento. Isso não é fazer ativismo. A politização é quando eu percebo que existe uma violência estrutural. E por que é estrutural? Porque o capitalismo precisa transformar essa diferença em desigualdade. Quando a gente pensa na racionalização da pobreza, se não tiver o bolsão da pobreza, como a capitalismo vai se sustentar pagando salários baixos? Se as mulheres não fizerem esse trabalho invisível, quem é que vai cuidar (realizar trabalhos de cuidados que mulheres geralmente fazem)? Quando a gente fala em violência estrutural, faz parte dessa cultura a sua manutenção para a manutenção da desigualdade”, assinalou.
Presidente destaca interiorização das atividades do Conselho
O presidente do CRP-16, Thiago Pereira Machado , na mesa de abertura do do Seminário Letramento de Gênero e Saúde Mental, destacou que o Conselho, em breve, vai começar a fazer mais eventos híbridos (presencial e transmitido ao vivo).
Ele explicou que o Conselho fará licitação para contratar uma nova assessoria de Comunicação. E que esta empresa a ser contratada vai precisar garantir a transmissão online dos eventos, além da cobertura presencial, que já é realizada (com fotos, posts nas redes e matérias no site).
A vice-presidente do CRP-16, Marina Francisqueto Bernabé, que preside a CGENDS, explicou sobre como o Conselho pensou no evento.
A mesa de abertura ainda teve a presença: da professora da Ufes, do subsecretário de Saúde Mental; do presidente do Conselho Estadual de Saúde do Espírito Santo e da presidenta do Cedimes, o Conselho de Defesa dos Direitos das Mulheres.
*Em breve mais informações.