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Janeiro branco 2019

Postado no dia 5 de fevereiro de 2019, às 11:38

A função simbólica dos ciclos para a vida humana não é modesta. Nesse sentido, uma campanha que tem como propósito a promoção de uma cultura pela saúde mental, direcionada ao autocuidado e ao equilíbrio emocional, encontra no mês de janeiro um terreno muito propício à sua germinação.

A escolha do branco para vestir-se nessa campanha tem sido alvo de críticas que tratam de uma estética, mas que não se descolam de uma ética para o trabalho em saúde mental. O branco, como assepsia, nos espaços de controle e cura de doenças; o branco, como bandeira, na rendição de um dos lados em confronto; o branco, como silêncio, na confrontação de ideias; o branco, enfim, como as luzes colonizadoras, na pele daqueles que escravizaram e dizimaram culturas e vidas não-brancas. São críticas importantes, que não desmerecem, porém, a escolha de um marco cíclico para o mês de janeiro, tampouco o propósito de evidenciar a importância do cuidado em saúde mental.

Enquanto psicólogas/os, juntamo-nos à campanha, defendendo que uma cultura de saúde possa emergir de um esforço, de uma disposição social em que se reconheça que o branco só possa ser reflexo de todas as cores, que é a diversidade afirmativa que compõe o cuidado de si e com os outros e não o equilíbrio neutro. O que se afirma, por esta ética do cuidado, é que saúde e doença ou sofrimento psíquico se fazem em relação. Daí a importância de se pensar em uma cultura: não se trata de um problema restrito à intimidade, a uma internalidade do indivíduo, mas que se agencia pelas suas interações.

Neste janeiro de 2019, em um momento da sociedade que a polarização prevalece sobre o diálogo e que mesmo a solidariedade, diante de tragédias como a de Brumadinho, é capturada por essa via do tensionamento, em detrimento da cooperação que se faz necessária, a atenção à saúde como um bem viver é o convite que fazemos a nossas colegas de profissão.

Cuidemos de nós e cuidemos uns dos outros. A Psicologia tem esse compromisso com a sociedade, mas somos parte dela, e também adoecemos dos males que nossa cultura padece. Só poderemos contribuir com a transformação dessa cultura se cultivarmos esse bem comum entre nós e por nós mesmos.

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