Protesto contra o lançamento do edital de formação da Rede Abraço
A Rede Abraço vai contar com um Centro de Acolhimento para usuários de drogas, que será localizado no antigo prédio da Caixa Econômica, no Centro da capital.
Esse centro fará a triagem e encaminhará cada caso para instituições que serão mantidas em parcerias do setor público com entidades privadas, religiosas e Ong’s, inclusive as conhecidas comunidades terapêuticas. E isso vai de encontro à luta antimanicomial, além de não visar, de fato, o fortalecimento da Rede de Atenção Psicossocial (Raps) dentro do SUS.
Sessão especial
No dia 25 de junho foi realizada na Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales) uma sessão especial em que se discutiu a Rede Abraço.
A psicóloga e integrante do Núcleo Estadual da Luta Antimanicomial, Camila Mariani, compareceu ao evento. Segundo ela, apesar de a organização da Rede Abraço afirmar que o projeto dialoga com a Raps, muitas entidades não veem assim.
“Para nós, a Rede Abraço não visa o fortalecimento da Raps”, afirmou.
Na sessão foi informado que o governo do Estado financiará uma bolsa de R$ 1,3 mil para cada pessoa encaminhada pelo Centro de Acolhimento.
Para Camila, a fiscalização desse trabalho pode não ser tão simples. “O Govenro do Estado, através da Sesa, já tem convênios como algumas comunidades terapêuticas e é difícil de fiscalizá-las”, pontuou.
Ainda de acordo com Camila, deveria haver mais debate antes da implantação. “Foi tudo feito muito rápido. Assim é complicado, deveria conversar e não ser imediato”, frisou.
A psicóloga lembrou também que a internação compulsória já é prevista pela Lei Federal 10.216/2011 (Reforma Psiquiátrica), como último recurso para o tratamento de usuários de álcool e outras drogas.
“A lei já prevê que se houver internação deve ser feita pelo Caps (Centro de Atenção Psicossocial), com equipe multidisciplinar. E a proposta (da Rede Abraço) é de que qualquer um pode usar o Centro (de Acolhimento) e ser encaminhado para uma comunidade terapêutica. Mas existem outros meios além dos muros para o tratamento”, disse Camila.
Manifesto contra a Clínica Santa Isabel
Em meio à criação da Rede Abraço, psicólogas, psicólogos, profissionais de outras áreas, estudantes e militantes da luta antimanicomial protestaram, mais uma vez, contra a Clínica Santa Isabel, em Cachoeiro de Itapemirim, Sul do Estado, no dia 15 de junho.