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CRP-16 reforça sua luta contra a desigualdade de gênero ao realizar debate em homenagem ao Dia Internacional da Mulher

Postado no dia 11 de março de 2015, às 21:00

Violência obstétrica e feminicídio são discutidos, além da importância do enfrentamento à cultura machista na sociedade

Encontro aconteceu na Casa dos Direitos, em Vitória

Encontro aconteceu na Casa dos Direitos, em Vitória

Casos terríveis de violência obstétrica – que passa despercebida pela própria mulher que a sofre. O índice altíssimo no País e no Estado do feminicídio (assassinatos de mulheres por conta da questão do gênero). E as demais formas de violência contra as mulheres, motivadas pelo machismo e, também, pela heteronormatividade, enraizados na sociedade brasileira foram assuntos debatidos pelo “Encontro de Debates para o Dia Internacional da Mulher – 8 de março”, promovido pelo CRP-16, no dia 07 de março, na Casa dos Direitos em Vitória.

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Para a presidente da Comissão de Direitos Humanos do CRP-16, Rebeca Bussinger, o Conselho acertou na realização do evento.

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“A organização foi bem feita. E nós não poderíamos deixar o 8 de março passar sem discutir com a categoria esses assuntos pertinentes no momento, debatendo e atualizando a categoria com informações importantes sobre o direito das mulheres e à data (o 08 de março)”, pontuou.

Para ela, o debate promovido serve como um alerta da luta contra a forte desigualdade de gênero que existe na sociedade brasileira por conta de sua cultura machista.

“Precisamos ter esse cuidado também de que o machismo não é exclusivo dos homens, muitas vezes também é das mulheres. Por isso, é compromisso da Psicologia lutar contra essa produção de gerações que geram desigualdades. Precisamos erradicar isso e contribuir com práticas de realizações equitativas entre os gêneros. E o nosso Conselho tem esse princípio de trabalho”, destaca Rebeca.

Encontro aconteceu na Casa dos Direitos, em Vitória

Encontro aconteceu na Casa dos Direitos, em Vitória

Durante o Encontro, no sábado (07), a conselheira do CRP-16 lamentou o fato de as transexuais não serem contempladas pela Lei do Feminicídio (aprovada na segunda-feira, 09).

Essa informação foi revelada pela palestrante da mesa-redonda “Reflexões sobre o Feminicídio: a morte das mulheres em razão do gênero”, Catarina Cecin Gazele, que é procuradora do Ministério Público do Espírito Santo e coordenadora do o Núcleo de Enfrentamento à Violência Doméstica contra a Mulher (Nevid) do MPES.

catarina

“Fizeram uma mudança no projeto, alterando que o crime não será pela condição de gênero, mas sim pela condição de sexo feminino. Então não vai haver a proteção a transexuais, e nós estávamos batendo nessa tecla, mas foi alterado”, frisou a procuradora.

Catarina citou ainda os trabalhos do Nevid de capacitação de policiais para atenderem a questões ligadas à violência contra a mulher, falou sobre a importância das(os) psicólogas(os) e assistentes sociais nessa área, revelando que devem abrir vagas para a Psicologia e o Serviço Social no Sistema de Justiça a partir de 2016.

CPMI

A ex-senadora Ana Rita dividiu a mesa com a coordenadora do Nevid. Já no sábado, 07, ela adiantou que a Lei do Feminicídio seria promulgada pela presidente Dilma no dia 09.

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Ana Rita também trouxe dados da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investigou a violência contra a mulher em todo o País. A ex-senadora foi relatora da Comissão.

Ela trouxe dados e mostrou o trabalho da CPMI de investigar a situação da violência contra a mulher no Brasil, apurando denúncias de omissão por parte do poder público com relação à aplicação de instrumentos instituídos em lei para proteger as mulheres em situação de violência. De acordo com as informações da ex-parlamentar, o Espírito Santo lidera o ranking de homicídios de mulheres no Brasil: 9,8 mulheres assassinadas em grupo de 100 mil.

Violência obstétrica começa antes mesmo do parto

A mesa-redonda “Dialogando sobre direitos sexuais e reprodutivos: o livre exercício da sexualidade”, trouxe palestras da professora do curso de Psicologia da Ufes Maria Amélia Lobato Portugal, referência na prevenção de DST/Aids no Estado; da presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Mulher (Cedimes), militante do movimento feminista e coordenadora do Fórum de Mulheres, Edna Calabrez Martins; e da psicóloga e doula Carolina Leão.

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Carolina abordou a violência obstétrica, citando casos e práticas estarrecedoras usadas contra as mulheres durante o parto e mesmo antes do procedimento.

“Uma das maiores violências que as mulheres sofrem no parto é a indicação de cesariana sem evidencia científica. A primeira grande violência é cercear a mulher de informações. (Quando médicos induzem) ‘Você tem certeza que quer ter o parto normal? mas cesariana é tão rápido’. Então no pré-natal já influenciam a mulher a não fazer o parto normal. E 70% das mulheres gostariam de fazer o parto normal na gestação. A OMS considera que a taxa de intervenção cirúrgica deve ser entre 10 a 15%, mas nosso País está em 54% e nosso Estado em 66%”, revelou a doula.

Ela ainda contou o caso de uma mulher no Rio Grande do Sul que queria fazer parto normal, mas foi retirada de casa a força por policiais e levada para fazer cesariana e de intervenções médicas que acabam transformando “o que deveria ser um momento “de prazer (ainda que com a dor natural do parto)” em um momento de sofrimento e angústia”.

Aids

Na mesma mesa, a professora da Ufes Maria Amélia Lobato Portugal trouxe dados sobre uma questão ligada diretamente aos direitos sexuais e reprodutivos.

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“Em 2012, das mulheres infectadas pelo HIV, 86,8% delas foram (infectadas) em decorrência de relações heterossexuais. Que tem haver com direitos sexuais e reprodutivos, mas (o índice) aponta também que o vínculo social é mais importante que a proteção”, ressaltou.

Luta coletiva

A presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Mulher (Cedimes), militante do movimento feminista e coordenadora do Fórum de Mulheres, Edna Calabrez Martins, fez um histórico da luta das mulheres, lembrando que tudo que foi conquistado pode ser retirado, deixando evidente a necessidade de que as mulheres sigam na luta por seus direitos.

“A realidade de conquistas que tivemos no século XX e também no XXI, no Brasil e no mundo, correm risco. Então há a necessidade da gente se organizar coletivamente para que não possamos viver no Brasil tempos sombrios como a gente já viveu. O que sai na Web mostra bem que há um ressurgir no pensamento conservador e do atraso. Nós precisamos sair da toca e enfrentar isso. Nós só transformaremos e manteremos o nosso direito se não fugirmos do conflito, que é necessário para manter a transformação”, alertou.

Abertura

A mesa de abertura do “Encontro de Debates para o Dia Internacional da Mulher – 8 de Março” foi composta pela presidente do CRP-16, Hildiceia dos Santos Affonso, e pelo presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos (CEDH-ES), Gilmar Ferreira.

A presidente do Conselho destacou o protagonismo feminino da Psicologia, que conta com cerca de 90% de mulheres, lamentou o alto índice de feminicídio no Estado e a cultura machista no País.

Em sua fala, o presidente do CEDH-ES, Gilmar Ferreira, falou sobre a importância da Psicologia na promoção dos direitos humanos. “Se o gestor não tiver a sensibilidade de perceber o olhar da Psicologia, a política pública não vai ser efetiva. Não é possível construir políticas públicas de valorização dos direitos humanos se não tiver ali a marca da psicologia”, frisou.

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