Confira o manifesto da Abep sobre a previsão do governo de cortar orçamento da Capes
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão ligado ao Ministério da Educação, informou em nota que não terá orçamento para cobrir as bolsas de pesquisa para o ano de 2019, o que levará a um corte brutal nas pesquisas em andamento no país. A Associação Brasileira de Ensino de Psicologia (Abep) divulgou um manifesto sobre essa situação do órgão. O CRP- 16 compartilha a íntegra do documento da Abep abaixo. Confira!
Manifesto da ABEP – Associação Brasileira de Ensino de Psicologia sobre Nota da Capes – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
A Capes, em nota dirigida ao Ministro da Educação, considerando as projeções orçamentárias para 2019 com base na LDO – Lei de Diretrizes Orçamentárias, anuncia cortes em vários programas de incentivo e políticas de formação acadêmico-científicas do país a partir de agosto de 2019, a saber:
-suspensão de todas as bolsas de Mestrado, Doutorado e Pós-doutorado;
-suspensão do Programa PIBID, que prevê bolsas de iniciação à docência para estudantes de graduação em cursos de Licenciatura (Formação de Professores);
-interrupção do Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), que permitiu ampliação de vagas no ensino superior público brasileiro;
-interrupção do Mestrado Profissional destinado à qualificação das/dos docentes da Educação Básica;
-cortes nos programas de fomento a intercâmbios de formação no exterior.
Esse conjunto de medidas afeta letalmente a formação qualificada para a Educação Básica e para a formação profissional em geral, assim como a produção e desenvolvimento científico do nosso país.
Como entidade voltada à formação em Psicologia, não podemos aceitar ou ser coniventes com as medidas anunciadas, pois consideramos que a Educação e a Ciência são bens inalienáveis e inegociáveis de nossa sociedade, estratégicos para o desenvolvimento do país e para a garantia de emancipação e bem-estar social. Não são propriedades de um governo, são posse e direito de toda a nação brasileira, não podendo portanto ser negociados, esquartejados, dizimados, como vem ocorrendo no Brasil.
O enfraquecimento da Educação e da Ciência coloca-nos na trilha do atraso, da dependência, do colonialismo que nos custou séculos de luta e árduo trabalho.
Consideramos que esses cortes orçamentários seguem o rastro das políticas que têm sido adotadas desde a PEC 144/55-2016, que congelou os investimentos em direitos fundamentais como Educação, Saúde e Seguridade Social, inserem-se e se adequam às políticas que têm sequestrado os direitos conquistados nos últimos 20 anos.
Sendo assim, a ABEP manifesta seu repúdio às políticas de corte orçamentário, com as consequências anunciadas pela Capes, e apela a toda a sociedade brasileira, às instituições acadêmicas e entidades científicas para que, juntas, possamos articular a resistência a essa e outras políticas de redução ou eliminação de direitos e de desenvolvimento científico e social.