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Palestra discute a Clínica Contemporânea e o Sofrimento Ético-Político

Postado no dia 1 de julho de 2019, às 18:40

Atividade foi promovida visando a formação e orientação profissional

A Clínica Contemporânea e o Sofrimento Ético-Político foi tema da palestra ministrada pela psicóloga clínica e conselheira do Conselho Federal de Psicologia (CFP), Rosane Lorena Granzotto, em evento que o CRP-16 realizou no dia 13 de junho, no auditório da Biblioteca Pública Estadual, em Vitória. A atividade foi mais uma promovida pelo Conselho visando a formação e orientação profissional.

A escolha do tema surgiu de uma demanda do grupo de trabalho (GT) Psicologia e Democracia, criado pelo Conselho em 2018. Um dos encaminhamentos do grupo era que o CRP-16 realizasse uma palestra voltada para a área clínica.

O evento abordou as questões relacionados ao campo de atuação da Psicologia na clínica em um contexto político marcado por conflitos de ideologias e sofrimento. Também foi observado o local que o psicólogo deve ocupar nesse contexto.

Rosane Lorena Granzotto em evento do CRP-16

A psicóloga frisa que o atendimento clínico político não trata de questões político-partidárias, mas sim, de aspectos ligados ao contexto social em o que o sujeito está inserido, e em que é produzido o sofrimento. “A clínica política, ela é uma abordagem praticada em vários locais. Ela é mais ligada à Psicologia Social, mas, a clínica política é aquela que considera o contexto social que produz o sofrimento, essa é a questão. Não tem nada a ver com política partidária, não tem nada a ver com ideologias políticas, tem a ver com você identificar qual é o conflito de poder que sujeito está vivendo”, exemplifica Granzotto.

Ideologias e sofrimento

Analisando a relação do atendimento clínico com os conflitos ideológicos do país, a conselheira do CFP destaca que esse conflito acaba gerando sofrimento de sujeitos, o que acaba impactando no atendimento clínico.

“Tivemos pessoas que foram espancadas na rua porque estavam de camisa vermelha, ou porque era um LGBT ou porque as pessoas se sentiram autorizadas a exercer a violência, porque isso estava sendo uma propagando eleitoral: “vamos acabar com os gays”, “vamos acabar com esses petralhas”. Eu não estou me posicionando aqui, mas, estou dizendo que na clínica isso aparece. Veja só, eu não estou tratando de um conflito político, eu estou tratando de como essa pessoa está sendo vitimizada porque ela está sofrendo um conflito ideológico, que é um conflito de poder. E essa é uma abordagem da clínica contemporânea”, explica Rosane Lorena Granzotto.

A psicóloga ainda observa o lugar do clínico nas relações políticas e no conflito de ideologias. “O clínico tem que ter uma crítica do lugar social em que ele vive. O terapeuta tem que estar emancipado em relação às demandas sociais. Tem que ter clareza que você está fazendo escolhas. Se ele não tiver isso, ele não tem como trabalhar com outras pessoas no sentido de acolher e acompanhar os processos individuais de reconstrução da autonomia do sujeito”, frisa.

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