Nota de repúdio às declarações do Padre Marcelo Rossi
Confira abaixo o posicionamento do CRP-16
O Conselho Regional de Psicologia da 16ª Região vem, no uso de suas atribuições legais e regimentais, por meio desta nota, manifestar seu repúdio às declarações do Padre Marcelo Rossi, divulgadas pela imprensa nacional, em função do lançamento do livro Ruah, de sua autoria, no dia 13 de novembro de 2015.
O pároco desqualificou profissões da área de Saúde, como a Psicologia, a Nutrição e a Enfermagem, quando foi comparar dois tipos de profissionais: nutrólogos e nutricionistas.
“É a mesma coisa de um psiquiatra e um psicólogo. Qual a diferença? O psiquiatra é médico, o psicólogo é apenas um conselheiro, um terapeuta. (…) O nutrólogo é um médico que se especializou na parte alimentar, portanto ele é muito mais que o nutricionista. Tem o enfermeiro e tem o médico. Quem que opera? O médico. Com todo respeito aos enfermeiros… Todo mundo tem a sua função e a sua importância. Os nutricionistas também têm”, disse o padre (trecho de matéria do site do Jornal Extra, de 13 de novembro de 2015).
Para o CRP-16, as analogias feitas pelo padre foram deveras inoportunas. Primeiramente por classificar a/o psicóloga/o como um “conselheiro”, que, de acordo com o Dicionário Priberam é “aquele que dá conselho”. E “conselho”, segundo o mesmo léxico, é “o parecer que se emite para que outrem o observe”. A etimologia da palavra conselho é proveniente do latim consilium que significa opinião.
O que segue, é que entendemos que “dar conselho”, “dar opinião” e “ser conselheiro” são atividades permitidas a quaisquer pessoas, amigos, parentes, funcionários, etc. E tal comportamento social é bem distante das atividades das psicólogas e dos psicólogos, que por meio de cinco anos de frequência em uma Instituição de Ensino Superior, validada para tal, aprenderam um conjunto de métodos, técnicas e atividades específicas, que estão muito longe de compor o que acreditamos ser um “conselho”.
Estamos falando de uma categoria como mais de 180 mil profissionais, representadas/os por uma profissão regulamentada há mais de 50 anos no País. Somos profissionais que fazemos pesquisa, ensinamos, atuamos em consultórios, hospitais, escolas, órgãos públicos, Ongs e nas mais diversas áreas, inserindo a Psicologia na Assistência Social, na Educação, no Trânsito, no Esporte, no Sistema de Justiça, no Sistema Socioeducativo etc.
As comparações feitas pelo padre ainda relegam a importância histórica de outras profissões que também são legalmente constituídas, como a Nutrição e a Enfermagem. O CRP-16 exige respeito e cuidado com a escolha das palavras quando pessoas públicas forem se referir sobre qualquer profissão, ainda mais no caso da Psicologia, cuja população, leiga no assunto, acredita que se trata de autoajuda.