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Muito além dos assentamentos

Postado no dia 21 de março de 2013, às 16:16

Consulta pública do CREPOP mostra que a questão da terra engloba muitas demandas que precisam da atenção das/os psicólogas/os 

Para professora Mariana Bonomo (à esq. de blusa preta) é preciso reconhecer "o rural" como área de atuação

Para professora Mariana Bonomo (à esq. de blusa preta)
é preciso reconhecer “o rural” como área de atuação

“Por que você está fazendo Psicologia e morando na ‘roça’? Boi fica estressado, por acaso”? A professora Mariana Bonomo já ouviu esse questionamento quando fazia sua graduação na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) no início da década de 2000.
Embora soe como uma brincadeira em um primeiro momento – um tanto que discriminatória em um segundo momento-, a pergunta revela grande desconhecimento em relação às questões da terra.

Questões essas que vão muito além da luta de movimentos sociais por assentamentos no âmbito da reforma agrária que demandam bastante a inserção da Psicologia nesse amplo e complexo campo de atuação.

Foi isso que se viu na consulta pública da versão preliminar da referência sobre questão da terra do CREPOP do CRP-16, realizada na sede do Conselho, em Vitória, no dia 14 de março de 2013.

A professora e doutora Mariana Bonomo foi a debatedora do evento defendendo a proposta de que as/os profissionais, independentemente da área da Psicologia, devem se inteirar sobre esse campo de atuação.

“Indígenas, quilombolas, imigrantes, ciganos, camponeses são um conjunto de povos diferentes que constituem a população rural, e as referências têm que ser voltadas para todos. E há nesses grupos espaço para atuação que não se restringe ao psicólogo social. Há inclusive espaço para intervenções do psicanalista, por exemplo”, argumentou Mariana.

Apesar disso, ela ressalta que a questão da terra está em construção enquanto área profissional.

“Precisamos ter o reconhecimento do rural como área de atuação. É preciso ter qualificação do profissional, ter o mínimo de informações para desenvolver esse trabalho que vai ser aperfeiçoado com a interface que ele está inserido”, revelou.

Crítica e orgulho
A professora Mariana Bonomo e outras profissionais que participaram do encontro criticaram o fato da referência do CREPOP sobre a questão da terra ter um foco relacionado aos assentamentos e à reforma agrária.

Mas, a debatedora sentiu orgulho por ver o Centro de Referências abordar a temática.

“Me emociona muito, fiquei orgulhosa da Psicologia tomar isso como questão para área. Fiz uma leitura bastante bonita (da versão preliminar) e depois vamos dissecar para ver de que maneira esse documento pode ser mais eficaz com a proposta de sensibilizar a área”, avaliou Mariana.

Caminho inverso. As críticas à versão preliminar da referência podem ter surgido em função da forma diferenciada que o CREPOP escolheu para elaborar o documento.

“A versão preliminar da referência sobre questão da terra teve um caminho inverso. Ela não passou pelos profissionais para eles criarem a versão preliminar. Veio diretamente de uma demanda social. Surgiu o assunto, fizeram seminários e veio uma referência proposta por especialistas. Não foi uma referência com propostas vindas dos profissionais, que produzem as versões preliminares das outras referências e depois debatem para chegar ao documento final”, explicou a técnica do CREPOP do CRP-16, Patrícia Littig.

Mais encontros
A psicóloga que atua no Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), Karla Fafá gostou do tema da questão da terra como consulta do CREPOP e o considerou útil para sua própria atuação.

“Gostei muito. Acho que poderia fazer de tempo em tempo, pois a discussão é muito saudável. A professora (Mariana) iniciou discussão e para o meu trabalho foi muito útil”, frisou Karla.

Vida na terra
“Tinha esse embate (o preconceito pelo fato dela ser do interior e cursar Psicologia). Isso acabou me provocando estudar na tentativa de dizer que existe gente no campo, de demonstrar a importância daquele modo de vida, que faz parte do processo de sociabilização”, revelou a doutora Mariana Bonomo.

Filha de pequenos agricultores, ela fez seu ensino básico (então ensinos fundamental e médio) na Escola Família Agrícola e na Escola Comunitária Rural. Ambas na zona rural de Anchieta, Sul do Estado, antes de entrar para o curso de Psicologia da Ufes, em 2000.

A tese de doutoramento de Mariana tem como título: Identidade social e representações sociais de rural e cidade em um contexto rural comunitário: campo de antinomia.

Ela pesquisa, principalmente, em grupos étnicos e comunidades rurais a partir da análise dos processos identitários e representacionais.

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