Mês da Psicologia: votação para o Prêmio Maria Cristina Rossi está aberta até 19 de agosto!
Votação encerada. Quer conhecer as/os ganhadores? Compareça no Dia da Psicóloga e do Psicólogo
A votação ocorreu até o dia 19 de agosto. Para saber quem são as/os profissionais mais lembrados compareça à Assembleia Legislativa do Espíriito Santo, em Vitória, no dia 27 de agosto de 2012, segunda-feira, às 19h. Participe do seu dia no Mês da Psicologia!
Sua história de luta pela inclusão das pessoas com deficiência têm reflexos na própria Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), onde cursou Psicologia.
“Ela batalhou o mundo pelos acessos, as rampas para cadeirantes na universidade e também para ter acesso nos ônibus, que hoje contam com elevador para pessoas com deficiência”, recordou dona Maria.
Saudades. Dona Maria destaca momentos de sua vida que fazem aumentar saudades de Talita.
“Sempre no aniversário dela, fico perto do telefone, pois sei que muitas pessoas que conviveram com ela vão ligar”, revelou a pensionista.
Uma açucena (dona Maria não tem certeza se a planta é essa mesma) também traz à memória da mãe mais lembranças nostálgicas da filha.
“Ontem (06 de agosto, o pai de Talita faria aniversário) a planta ficou com mais flores do que de costume. E quando a cada flor que nasce faz sentir saudade da minha filha”, disse dona Maria, sem embargar a voz e com uma lucidez de quem está próxima dos 90 anos, mas agradece aos céus por ter condições de fazer o que mais gosta: ler.
Segundo dona Maria, Talita que trouxe a açucena, que estava plantada no campus da Ufes.
Exemplo de luta
A vida de Talita por si só já justificaria a homenagem do CRP-16 em nomear o prêmio do Dia da Psicóloga/o por Maria Cristina Rossi.
Afinal, ela foi (e ainda é – enquanto sua história for lembrada) um exemplo de luta para todos.
“Era amável, superacessível. E sempre brigou pela inclusão e estar naquela situação nunca a impediu de estudar, de mostrar a opinião dela. Ela nunca se fez de coitada. Nunca a vi falar, eu não consigo. Topava os desafios, escreveu um livro, passou a atender em consultório. E quando via alguém reclamar da dificuldade de alguma coisa, ela dizia – ‘se é difícil para você, imagina para mim’”, frisou a conselheira-presidente do CRP-16, Andréa Nascimento, ao justificar o porquê do nome do prêmio.
Ou seja, além das homenageadas e dos homenageados com a premiação, o nome do prêmio por si só é uma homenagem à história e à vida da psicóloga Talita.
O prêmio oferecido pelo CRP-16 será também para relembrar a história da psicóloga Maria Cristina Rossi, conhecida por Talita, que faleceu em 28 de outubro de 2007, tendo se tornado uma referência na luta em favor da vida e da inclusão social.
Militante ativa da defesa dos direitos das pessoas com deficiência, Talita era também escritora e contadora de história. Ela teve sua vida marcada pela superação do preconceito e de todos os tipos de dificuldades enfrentadas por uma pessoa com deficiência na sociedade atual.
Até os 30 anos seu mundo era sua casa, até que, através do 145 – multi-conversa pelo telefone da Telest conheceu um portador de deficiência visual.
A partir daí, Talita começou a frequentar as reuniões da Associação Capixaba de Pessoas com Deficiência (ACPD), e no seu carrinho de bebê transformado em maca, ganhou o mundo e ninguém mais a segurava em casa.
No convívio com outras pessoas diferentes, Talita se convenceu que podia vencer os limites impostos pela deficiência e buscar da inclusão profissional, afetiva e social.
Fez o supletivo e passou no vestibular da Ufes para Psicologia. Formou-se psicóloga. Durante o curso foi impulsionada a sentar numa cadeira de rodas. Isso foi mais uma conquista. Outra grande vitória foi o livro que ela escreveu em janeiro de 1999: A história de Nita que era Diferente.
A vida de Maria Cristina Rossi, contada didaticamente neste livro é um exemplo de vida e de fé. A obra é uma parábola em que Talita relata toda sua história e todas as possibilidades que existem para uma pessoa com deficiência.
Talita voava com a imaginação e lutava bravamente por seus direitos. Nos deixa um grande legado: não há limites que não possam ser vencidos quando há determinação, coragem e sonhos. Foi assim que lutou bravamente até os seus 56 anos.
Confira o poema “Eu posso” de autoria de Talita.
“EU POSSO”
Eu não preciso usar meus pés
Pra ter alcançar,
Não preciso usar meus braços
Pra te abraçar.
Eu não preciso usar meus olhos
Pra ver que estás comigo,
Não preciso te enxergar
Pra saber que és meu amigo.
Eu não preciso ouvir tua voz
Para entender,
Se quiseres me mostrar
O que tens pra me dizer.
Eu não desisti da vida
Se me falta algum pedaço,
Pois muita gente inteirinha
Não faz aquilo que eu faço!
Se eu não penso direitinho
Não zangue comigo, não,
Muitos pensam com a cabeça
Eu penso com o coração.
Se algo em mim não funciona
Eu não deixo de ser gente;
Não sou melhor nem pior,
Sou apenas diferente.
Se falta tamanho ou força
Para te acompanhar,
Meu coração é bem grande
Cheinho de amor pra dar.
Não há o que eu não consiga
Desejando com vontade,
A gente dá jeito em tudo
Até prá felicidade…
Maria Cristina Rossi – Talita
*Com informações da página Rede Saci/Usp e da página (arquivo) do deputado estadual Claudio Vereza.