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Debate “Viabilizar para Visibilizar: políticas trans” marca as atividades do CRP-16 em lembrança ao 29 de janeiro

Postado no dia 2 de fevereiro de 2019, às 16:43

O Dia da Visibilidade Trans (29 de janeiro) foi marcado por um rico debate, promovido pelo CRP-16, em uma mesa que teve como tema “Viabilizar para Visibilizar: políticas trans”. O evento aconteceu no dia 31 do mesmo mês, no Auditório Rosa Maria Paranhos, no campus da Universidade Federal do Espírito Santo de Maruípe, em Vitória.

A mesa foi marcada por muitas críticas voltadas para setores instrumentos das políticas públicas, como é o caso dos estabelecimentos de saúde que ofertam o processo transexualizador, perpassando pelos estudos da própria academia, enraizados numa cultura colonialista, chegando até a denúncia do recolhimento, por parte do governo federal, de uma cartilha voltada para os homens trans, confirmando que as pessoas trans – e a comunidade LGBTI, tem muito trabalho pela frente para promover a sua emancipação e descolonização dessas práticas que estão presentes.

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Castiel faz sua fala na mesa de debate do CRP-16. Ao seu lado dir., o mediador Marcos Cordeiro; à sua esq., a psicóloga Júlia e Cadu, do Ibrat

“As experiências bichas, sapatões, e travestis nos últimos anos têm sido mortificadas não apenas por médicos, policiais e psicólogos, mas também por acadêmicos que permitiram ser colonizados pela Teoria Queer. As academias continuam covardes, preguiçosas e antiéticas. E têm conduzido processos educacionais referenciados apenas em experiências ocidentais vividas fora do sul global. Traduzem as existências ‘pajubeiras’ para palavras estrangeiras que até o próprio pajubá já atribui um novo significado! Antes das embarcações Queer chegarem em terras brasileiras com seus gêneros, nesse território já aconteciam as bicharias, sapatonices e as travestilidades. O modo que os estudos Queer foram importados, inaugurou um novo trauma colonial no Brasil! E é responsabilidade da comunidade LGBTT criar estratégias de descolonização e emancipação”, assinalou Castiel Vitorino Brasileiro, estudante de Psicologia da Ufes.

Em sua fala, Castiel também abordou a questão racial. “O racismo brasileiro cria ‘ficciones’ origens, e nós bichas viemos de um lugar distante, impuro, perigoso, sujo e delicioso. Somos marginais dentro e fora dos núcleos LGBTTs. Parafraseando a Jota Mombaça: Somos uma legião de pessoas negras, mas em nós carregamos diferenças imensas. E reafirmo: Somos uma legião de pessoas não-cisgeneras. Mas em nós carregamos diferenças imensas”, pontuou.

Após a fala de Castiel, a psicóloga da Comissão de Gênero e Diversidade Sexual do CRP-16, Júlia Santigliani Pires teceu críticas ao processo transexualizador. Antes, expôs as dificuldades de ser mulher trans, salientando a questão do racismo também, lembrando que por conta dele (do racismo) a situação é pior para as mulheres trans negras, bem como para homens trans e bichas negras.

“A partir de a pessoa estar inserida no processo transexualizador, ela se torna um objeto de estudo. Não uma paciente. A realidade é esta: de ser um objeto de estudo. Precisamos questionar como estão olhando as pessoas trans e na qualidade desse atendimento. O mais importante do atendimento é o acolhimento. A partir do momento em quem me percebi trans, eu já era mulher. E para o processo transexualizador? São os professores que vão decidir por mim? Depois de eu me rebelar contra todo esse sistema de repressão? São eles que vão decidir?”, questionou.

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Público acompanha o debate no auditório do campus de Maruípe

Outro palestrante, Carlos Eduardo Medeiros de Melo, o Cadu, representante do Ibrat (Instituto Brasileiro de Transmasculinidade do Espírito Santo), também abordou sobre a questão do processo transexualizador, que é oferecido no Hospital Universitário Cassiano Antonio Moraes (Hucam), localizado no campus da Ufes de Maruípe.

“A demanda tem sido muito alta e é preciso que haja outros espaços para tratar dessa alta demanda, como em unidades de saúde, e com olhar na questão do acolhimento (como a Júlia falou), pois isso é muito importante”, acrescentou.

Cadu abordou ainda sobre a importância da/o psicóloga/o na vida das pessoas trans, ressaltando que a profissionais que às vezes se recusam atender pessoas trans por às vezes duvidarem se o podem fazer. Mas ele mostrou que a questão é complicada para as próprias pessoas trans, inclusive.

“Ninguém nasce sabendo. Me reconheci como homem antes de me reconhecer como pessoa trans. Nas escolas: filinha das meninas, filinha dos meninos, e as pessoas trans não sabem onde se encaixam. Certo dia, minha psicóloga me perguntou: ‘O que é ser homem?’ E o que é, né? É ser machão, cuspir no chão? E não é isso. Vi que a resposta para a pergunta é: ser homem é ser humano, tendo todos preconceitos que temos no dia-a-dia. Ainda bem que massifiquei esse pensamento, de me questionar: ‘Que tipo de ser humano que estou sendo’”?, analisou.

O debate foi mediado por Marcos Vinicius Cordeiro, da Coordenação Estadual de Políticas para Diversidade Sexual e de Gênero.

Denúncia
O representante do Ibrat fez uma denúncia durante sua fala. Ele apresentou uma cartilha, produzida pelo Ministério da Saúde, que foi retirada do ar, um dia após a posse do presidente Bolsonaro. Segundo ele, alegaram falta de informações.

Em breve mais informações.

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