Seminário 15 anos da Resolução 001/1999: exibição e debate sobre o filme “Meninos do Arco-Íris
Em sua fala, coordenadora do Fórum pela cidadania LGBT destaca pioneirismo do CRP-16 em discutir a normativa
Após a exibição do filme Meninos do Arco-Íris, o realizador do documentário Herbert Pablo explicou que se inspirou para fazer o roteiro do curta-metragem nas histórias que sua avó contava e a que ele mais gostava era a do arco-íris. O Seminário “15 anos da Resolução CFP 001/1999: por um exercício ético da Psicologia” começou no dia 25 de abril e acontece na Faculdade Multivix, em Vitória.
Embora o filme tenha sido premiado no Festival de Vitória, Pablo expôs a dificuldade de realizar e de distribuir a obra, cujo roteiro recebeu incentivo da Lei Rubem Braga, da Prefeitura da capital.
“O documentário foi lançado em outubro no Vitória Cine Vídeo (Festival Vitória) e ganhou menção de melhor filme da III Mostra Quatro Estações. Meu único apoiador pediu para não ser divulgado, pois tem muitos clientes evangélicos. É um filme que tenho dificuldade de exibir a plateias mais novas. As minhas cinquenta cópias já estouraram. Nenhum apoiador se interessa para ajudar a comercializar. A gente mantém o comércio, mas os comerciantes não se interessem”, criticou.
Também na mesa do debate em torno do documentário, o doutorando em Educação pela Ufes Jésio Zamboni argumentou que o filme é uma “arma”, assim como a Resolução do CFP.
“O filme é uma “arma”. Faz histórias dialogarem com a outra. É um desafio para nós. Como lutar sem perder a alegria. Como afirma a alegria na vida como luta. Não é só uma fofura à la Disney. A Resolução 001 de 99 é outro tipo de “arma”. Precisamos de resoluções como essa que garantam um breque no processo discriminatório da vida de vários sujeitos. Precisamos dessas armas”, pontuou.
A coordenadora do Fórum pela cidadania LGBT, Débora Sabará, também integra a mesa do debate. Ela destacou o pioneirismo do CRP-16 em discutir a resolução, após 15 anos.
“É o primeiro Conselho de Psicologia do Brasil a ter a ideia de debater a resolução nos 15 anos”, parabenizou.
Débora também fez críticas à forma como as transexuais são tratadas pela imprensa.
“Uma travesti foi acusada de matar um policial rodoviário federal. Foi ela, tem que pagar pelo que fez. Agora, por que não valorizaram a travesti que denunciou o médico em Guarapari – que foi lá e disse: foi ele que atropelou e matou”, criticou.
Ela também questionou: “Travesti é quem comete crime, usa droga, se prostitui. Agora a filha do jogador famoso é transexual”.
O filme Meninos do Arco-Íris conta a história de Anita, uma menina que mora em uma ilha (Vitória), que tem passagens para mundos secretos, entre elas a que a levará ao Arco Iris, um lugar mágico onde Anita poderá realizar seu desejo de se transformar em menino.
O debate foi mediado pela conselheira do CRP-16, Rebeca Bussinger.
À tarde, o seminário continua com mesa redonda e conferência.