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Em Fórum do Projeto Apoie sobre saúde mental e tecnologias nas escolas, CRP-16 ratifica: “psicoterapia é com ser humano”

Postado no dia 2 de outubro de 2025, às 19:46

Fórum é realizado no auditório da Escola Estadual Dr. Silva Mello (Polivalente), em Guarapari-ES  


O CRP-16 marcou presença no II Fórum de Diálogos: “(Des)conexões Humanas: Entre a Saúde Mental, Violências e Tecnologias na Escola”, realizado no dia 30 de setembro, no Polivalente (Escola Estadual Dr. Silva Mello), em Guarapari.

O evento, organizado pelas equipes do Projeto Apoie-Escola (Ação Psicossocial e Orientação Interativa Escolar) no município, reuniu profissionais para debater as complexas relações entre tecnologia, saúde mental e violência no ambiente educacional.

A participação do Conselho na atividade reforça o compromisso do VIII Plenário de se aproximar e promover o diálogo com a categoria. E se alinha à recente Nota Técnica do Conselho Federal de Psicologia (CFP) sobre inteligência artificial (IA) no contexto da prática psicológica, bem como leva o CRP-16 a debater as IAs e seus efeitos na subjetividade.

Psicoterapia é com ser humano”
O CRP-16 foi representado pelo conselheiro secretário, Victor Hugo da Silva (CRP-16/1171). O representante do Conselho pontuou que a inteligência artificial (IA) pode até ajudar, mas reforçou a importância da atuação humanizada no atendimento psicoterapêutico.

“Se vocês precisarem de um suporte, é claro que a inteligência artificial apoia no sentido de você extrair conhecimento. Mas psicoterapia é só com outro ser humano. Os próprios fundadores das inteligências artificiais, o (San) Altman (fundador da OpenAI, criadora do ChatGPT), o próprio Bill Gates (fundador da Microsoft), colocaram que Serviço Social, Psicologia, o professor, são (profissões e) profissionais que não vão ser substituídos pela inteligência artificial”, salientou.

Assista a um trecho da contribuição do conselheiro do CRP-16 Victor Hugo ao Fórum da Apoie


O psicólogo reforçou que, preferencialmente, o profissional da Psicologia deve ser procurado. O apelo que eu faço aqui, até em nome do Conselho Regional de Psicologia, é que, se você está precisando de apoio, quer conversar, você procure um ser humano, por favor. De preferência que seja psicólogo, inscrito no Conselho Regional de Psicologia”, acrescentou. 

Ele explicou que as IAs não têm um perfil ético e que até as eventuais moderações que existem nelas podem gerar sofrimentos mentais aos trabalhadores que avaliam esse tipo de conteúdo.

Com um profissional, você pode telefonar para o Conselho, fazer uma denúncia. Isso vai ser investigado, o profissional pode receber as sanções administrativas, talvez, se não for uma questão grave, ele vai ser orientado; se houver reincidência, pode ser processado eticamente. Então, assim, a gente tem a mediação social e uma instituição para mediar essas relações. Nas inteligências artificiais você não tem”, analisou.

Observada pela pedagoga Naiara e pelo cientista da Computação Athus, a psicóloga Ara Mendes faz sua apresentação


Debate
A mesa principal do debate contou com as seguintes palestras das/os profissionais:

Hiperestímulo no uso das redes
A psicóloga Ara Mendes (CRP-16/9279 – servidora da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher – DEAM/Polícia Civil de Guarapari) trouxe a discussão da violência para o contexto digital, diferenciando o cyberbullying do bullying presencial pela sua continuidade extrema (a vítima não tem para onde fugir) e o potencial de anonimato do agressor.

Ara destacou as graves consequências psicológicas para as vítimas, incluindo baixa autoestima, depressão, ideação suicida, e enfatizou a importância da intervenção precoce e da não omissão de profissionais escolares.

Na visão da psicóloga, o uso excessivo das redes pode gerar na criança/adolescente dificuldades com relação ao sentimento de pertença, fragilizando o vínculo familiar.

“Os pais estão deixando de exercer essa função de realmente educar os filhos. E isso está causando, no meu ponto de vista, essa falta do senso de pertencimento a uma família. E do senso de respeito mesmo aos pais em casa, e isso acaba se trazendo também para o ambiente escolar; consequentemente, uma dificuldade em respeitar figuras de autoridade também na escola. Então eu vejo essas duas questões: a questão do pensamento acelerado pelo hiperestímulo no uso das redes e a ausência desse senso de pertencimento”, frisou.

Confira parte da fala da psicóloga Ara Mendes, que atua na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher 

Desafios da hiperconectividade e a “Geração Beta”
O debate promovido pelo Fórum destacou como a hiperconectividade está remodelando o cotidiano escolar.

A pedagoga Naiara Nobre apontou o desafio de educar a “Geração Beta” (nascida na era da IA), que chega à escola hiperestimulada e ansiosa pelo imediatismo de conteúdos curtos (vídeos de 15 a 30 segundos), o que dificulta o engajamento em processos de aprendizado mais longos.

Ela ressaltou que é vital ensinar os alunos a fazerem ciência e pesquisa metodológica, e não apenas dependerem de ferramentas de IA que não constroem conhecimento de fato.

O cientista da computação Athus Cavalini reforçou o alerta sobre a hiperconectividade juvenil, explicando que os algoritmos das redes sociais são desenhados para maximizar o tempo de tela e, frequentemente, priorizam conteúdo que gera emoções negativas (ódio) ou polarização, o que ele chamou de “efeito toca de coelho”.

Essa dinâmica digital, que oferece um senso imediato de pertencimento, torna os adolescentes mais vulneráveis ao extremismo.

Aproximação e nota técnica do CFP
A presença do CRP-16 no Fórum de Diálogos também se deu pela importância de os conselheiros se colocarem disponíveis nos espaços de debate para facilitar a aproximação e o diálogo com a categoria.

As psicólogas presentes na plateia agradeceram a participação do Conselho e a oportunidade de debater temas tão relevantes para o exercício profissional na escola.

A atuação do CRP-16 neste e em outros eventos está alinhada à recente discussão no âmbito do Sistema Conselhos, que culminou na Nota Técnica do Conselho Federal de Psicologia (CFP) sobre IA no contexto da prática psicológica, reafirmando o compromisso da profissão com a ética, o cuidado e os rebatimentos subjetivos da questão.

Organização do Fórum

Equipe Apoie, responsável pela realização do Fórum


O evento foi organizado pela equipe Apoie Escolas em Guarapari.

A equipe é formada pelas psicólogas Dayana Ferreira dos Reis e Samya Lievore Zanotelli; pelo psicólogo Gilvan Lopes Rodrigues Neto; e pelas assistentes sociais Isabela Corrêa da Silva Lacerda e Maria Luiza Cardoso Rangel.

O CRP-16 não participou da organização do evento, e as manifestações seguiram o fluxo da horizontalidade na dinâmica do próprio debate.

A equipe gerencial da Superintendência Regional de Educação de Vila Velha, que conta com integrantes da Apoie, também esteve presente na atividade, no balneário mais ao sul da Grande Vitória.

 

Conselheiro Victor Hugo com profissionais da Apoie de Vila Velha e Guarapari

Projeto Apoie
A Ação Psicossocial e Orientação Interativa Escolar (Apoie) é uma política pública instituída na Secretaria Estadual da Educação (Sedu-ES) desde novembro de 2019 por meio da portaria 108-R, que foi regulamentada e expandida.

A Psicologia e o Serviço Social compõem as equipes, com o objetivo geral de promover ações no âmbito das demandas psicossociais no cotidiano escolar, alinhando intervenções psicossociais e pedagógicas para fortalecer o cuidado integral na educação.

Apresentação cultural

Coral, regido pelos professores Paulo Robertson Soares e Alexandre Gregório, canta Alceu Valença 

O Fórum contou com uma apresentação cultural:

Do coral das escolas de Guarapari:

Com os regentes:

 

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