Oficina Regional de Emergências e Desastres reúne mais de 200 participantes em Linhares

Na matéria é possível baixar todos os materiais que foram distribuídos e sorteados durante o evento

O CRP-16 realizou na sexta-feira, 29, a Oficina Regional “Psicologia em Foco Especial: O enfrentamento às situações de emergências e desastres”, no Teatro da Faculdade Pitágoras, em Linhares, Norte do Estado.

A oficina foi mais um evento preparatório do CRP-16 (na temática de Emergências e Desastres) ao 4º Congresso Regional de Psicologia (Corep/ES), previsto para os dias 29 e 30 de abril.  O evento contou com 214 participantes e a mesa de abertura foi formada pela conselheira responsável pela temática de Emergências e Desastres no CRP-16, Rebecca Fagundes e Costa, e pela professora e coordenadora do curso de psicologia da Faculdade Pitágoras de Linhares, Meire Andersan Fiorot.

Confira a galeria de fotos do evento.

A mesa também teve a participação do major do Corpo de Bombeiros Militar Emerson Antônio Rocha Pazeto que apresentou o Plano Estadual de Proteção e Defesa Civil do Estado do Espírito Santo (PEPDEC).

O major BM Pazeto ressaltou a importância da participação dos profissionais da Psicologia nas situações de emergências, seja na resposta, seja na recuperação, atendendo às vítimas e orientando os profissionais de outras áreas sobre como abordar as pessoas atingidas. “É importante que profissionais qualificados nos auxiliem no atendimento adequado às pessoas vítimas de tragédias que socorremos”, disse.

Depois o debate foi aberto e uma das questões discutidas foi a necessidade de haver formação na área de emergências e desastres para psicólogos, seja na educação superior, seja de maneira extracurricular. A conselheira Andrea dos Santos Nascimento explicou que, apesar de não ser uma atribuição do Conselho, a entidade tem promovido oficinas, explicando que o CRP-16 não tem poder sobre a definição dos currículos dos cursos, o que é feito pelo MEC.

A coordenadora do curso de psicologia da Faculdade Pitágoras de Linhares, Meire Andersan Fiorot, falou sobre a dificuldade de conseguir profissionais qualificados na área de emergências e desastres para o oferecimento do conteúdo, mas informou que solicitou que uma disciplina optativa seja oferecida no curso que coordena.

Cuidados

Em seguida foi realizada a mesa redonda sobre a Rede de Atenção e Cuidados Psicológicos em Casos de Emergências e Desastres com relatos e intervenções com moderação da psicóloga Luciana Oliveira Melgaço.

Na mesa, a psicóloga Gabriela Medeiros Simmer, com experiência no atendimento após a explosão do navio-plataforma de gás e petróleo no norte do Estado, ressaltou que o profissional precisa aproximar-se adequadamente da vítima e dar atenção para os vínculos quebrados por conta da tragédia.

Maria Gorete Fraga, assistente social que coordena o serviço de emergências e desastres da Prefeitura de Vila Velha, também participou da segunda mesa relatando tragédias ocorridas no município e o trabalho desenvolvido no atendimento à população atingida. Ela exemplificou com o recente rolamento de uma pedra gigante em um morro da cidade que deixou dezenas de pessoas desabrigadas, além da grande enchente de 2013 que deixou bairros alagados por semanas.

A psicóloga Renata Soares Loiola, que tem experiência no atendimento às famílias afetadas pelas enchentes em Itarana e Itaguaçu, explicou como foi o trabalho realizado nos municípios e como foi organizado o atendimento às pessoas atingidas. Foram exibidos vídeos que mostram um pouco da devastação que a chuva causou.

Chile

Durante a tarde a psicóloga integrante do Grupo de Trabalho de Emergências e Desastres do CRP-04, de Minas Gerais, Lílian Cecília Garate Castegnet ministrou a oficina “Recursos Psicossociais para o Atendimento em Emergências e Desastres”. A conselheira do CRP-16 Andrea dos Santos Nascimento fez a moderação.

Lílian atuou no atendimento às vítimas do terremoto do Chile em 2010 e relatou as experiências obtidas no país sul-americano e também nas tragédias provocadas pela chuva na região Serrana do Rio de Janeiro e em Santa Catarina.

Ela apresentou uma série de informações sistematizadas sobre como, quando, porque, de que forma e com quais precauções atuar, entre outras. “Precisamos desenvolver alertas e comunicação adequados. Os primeiros auxílios psicológicos são importantes, assim como a atuação no suporte ao reconhecimento de corpos, na orientação dos profissionais que comunicam más notícias, e na coleta de dados. Precisamos, também, atuar na gestão da espera ajudando a pessoa a enfrentar essa travessia”, disse.

A psicóloga alertou, ainda, para as condições do profissional que se propõe a trabalhar em emergências e desastres, defendendo que é preciso ter conhecimento de suas próprias motivações para estar atuando ali, assim como ter responsabilidade com a sua própria segurança, mantendo-se informado sobre o que pode e até onde pode fazer, evitando se tornar mais uma vítima a ser socorrida.

A terapia do luto foi outro ponto levantado por Lílian. “Esse processo é longo e pode ser trabalhado no coletivo quando se trata de tragédias. Nem sempre é um luto de morte. Pode ser a perda de uma casa. No caso de morte, é uma vida que se perdeu, que não volta, e é preciso dar significados para que a pessoa saia da situação de vítima. Não podemos supor, também, que todos estão traumatizados, e nem tão pouco que quem é resistente não precisa de ajuda”, disse.

Simulado

Os participantes da Oficina receberam cartilhas que falam desse cuidado e de aspectos psíquicos criativos e as principais recomendações. Na sequência, Lílian Cecília Garate Castegnet realizou um simulado em que os participantes pensaram em ações na prática a partir de uma situação hipotética de novo rompimento de uma barragem, desta vez a de Germano, em Mariana, Minas Gerais.

Eles se dividiram em grupos que atuariam nesta situação hipotética como Governo, Sociedade Civil Organizada, Atenção Primária, Voluntários, Universidade e Conselho Regional de Psicologia. Foram promovidas articulações entre os grupos para ações diante da eminência da chegada de uma nova onda de Lama à Linhares.

O trabalho foi realizado em meio ao estresse provocado por informações desencontradas que chegavam sobre o desastre e às pressões que um grupo exercia sobre o outro. O desafio foi organizar ações de respostas para atendimento à população atingida.

Sorteio

Durante o evento foram sorteados exemplares dos livros “Plano Estadual de Proteção e Defesa Civil do Estado do Espírito Santo”, do Governo do Estado, e “Psicologia de Emergências e Desastres na América Latina: Promoção de Direitos e Construção de Estratégias de Atuação”, do CFP. Os prêmios foram entregues pelo major do Corpo de Bombeiros Militar Emerson Antônio Rocha Pazeto.

A oficina regional “Psicologia em Foco Especial : o enfrentamento às situações de emergências e desastres” foi gratuita, mas os inscritos levaram alimentos não perecíveis e água mineral para doação às pessoas atingidas pela Lama da Samarco no Estado.

A emissora de TV Record News esteve no evento para fazer uma reportagem sobre o evento que foi direcionado para profissionais da região, assim como trabalhadores de outras regiões que atuam em setores estratégicos que participam das respostas a eventuais tragédias.

O CRP-16 agradece o apoio do diretor social do Projeto Tamar, Carlos Sangalia. O Projeto Tamar doou presentes que foram entregues aos palestrantes e moderadores da Oficina.

Baixe os materiais entregues e sorteados durante o evento

Plano Estadual de Proteção e Defesa Civil do Estado do Espírito Santo

Psicologia de Emergências e Desastres na América Latina: Promoção de Direitos e Construção de Estratégias de Atuação

Cartilha – O Cuidado com Crianças e Adolescentes Afetados por Catástrofes

Cartilha – Recomendações para Recuperação Emocional à População Afetada por Catástrofes

Cartilha – 1º Seminário Nacional de Psicologia das Emergências e dos Desastres

Outras publicações sobre o assunto

Livro – Sociologia dos Desastres – Construção, Interfaces e Perspectivas no Brasil I

Livro – Sociologia dos Desastres – Construção, Interfaces e Perspectivas no Brasil II

Livro – Abandonados nos desastres