A Psicologia e seu compromisso social na ampliação do acesso à saúde
Crise econômica e congelamento dos investimentos em saúde e educação adoecem a sociedade
No dia 7 de abril é celebrado o Dia Mundial da Saúde e, em 2019, a Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu 10 prioridades para a área. Traremos aqui algumas dessas metas para promovermos reflexões sobre a realidade brasileira e os desafios a serem enfrentados.
A atenção às pessoas com doenças crônicas não transmissíveis, como os transtornos mentais, suicídio e abuso de drogas, está na lista da OMS. Entretanto, ampliar o acesso a serviços de saúde mental adequados é um desafio no Brasil, onde observamos a progressiva retirada de investimentos públicos sob a justificativa de enfrentamento à crise financeira.
Ainda na área da saúde mental, além das dificuldades para ampliar o acesso, há uma tendência de retrocessos nos serviços disponíveis. Recentemente, o Governo Federal lançou uma Nota Técnica com “Novas Diretrizes para a Saúde Mental” que, na prática, amplia o investimento em áreas como eletroconvulsoterapia (popularmente chamada de eletrochoque) e comunidades terapêuticas que foram alvo de denúncias e amplamente desaconselhadas por estudos científicos, assim como pelas/os próprias/os usuárias/os, familiares e movimentos sociais.
Outra prioridade da OMS é o cenário de fragilidade e vulnerabilidade da população. A saúde possui determinantes sociais e é impactada pelas condições de vida das pessoas. Sendo assim, é importante observar que há grande concentração de renda no Brasil e, atualmente, uma crise econômica que provoca desemprego e amplia a miséria e a desigualdade social.
A OMS destaca, ainda, a Atenção Primária à Saúde e HIV e chama a atenção para a importância de medidas preventivas como vacinações, orientação ao uso de preservativos e ampliação das ações das Unidades Básicas de Saúde do SUS.
Em todas as questões destacadas as psicólogas e os psicólogos têm papel fundamental, desde a prevenção, até os cuidados a pessoas com doenças crônicas. Seguimos com a tarefa de pensar a sociedade em que vivemos com compromisso ético e social, e com atenção especial às populações historicamente excluídas como mulheres, negros, indígenas, pessoas com deficiência e LGBTI+.
Artigo de Keli Lopes e Eliene Rocha, psicólogas integrantes da Comissão de Saúde do Conselho Regional de Psicologia da 16ª Região/ES (CRP-16) – com edição da Ascom CRP-16